Nesta quinta-feira (28), o
ministro Fernando Haddad, conhecido por suas estratégias numéricas
controversas, apresentou um novo pacote de medidas do governo federal que
inclui alterações nas regras para militares. Uma das mudanças mais polêmicas é
a proposta de fixar uma idade mínima de 55 anos para que os militares possam
passar à reserva.
De acordo com o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL/RO), essa medida,
ainda que propagada como uma solução para contenção de despesas, não gera
impacto significativo nos cofres públicos. Dados do Centro de Liderança Pública
(CLP) mostram que a economia prevista com essa alteração seria de apenas R$ 12
milhões em 2025, um valor irrisório diante das expectativas criadas pelo
governo. "É vergonhoso observar essa tentativa de construir uma narrativa
distorcida, que tenta atribuir às Forças Armadas um peso desproporcional no
orçamento federal", afirmou o deputado.
Outro ponto levantado pelo parlamentar é a ideia de mudar o cálculo dos benefícios dos militares inativos, propondo que passe a ser baseado na média das remunerações, e não no último salário recebido, como ocorre atualmente. Essa mudança, defendida pelo governo como uma forma de tornar o sistema mais sustentável, desconsidera a natureza jurídica singular dos militares, cujos direitos e obrigações são regidos por normas específicas, constitucionalmente asseguradas. Além disso, a proposta inclui a eliminação de pensões não previstas no Regime Geral da Previdência Social (RGPS), o que, segundo o deputado, desrespeita a estrutura diferenciada das Forças Armadas.
O Coronel Chrisóstomo destacou que os militares não se aposentam, mas passam da
ativa para a reserva, permanecendo à disposição para servir ao país quando
necessário. Essa distinção, frequentemente ignorada em propostas como a
apresentada pelo ministro, é fundamental para entender o regime aplicado às
Forças Armadas. Ainda, o Tribunal de Contas da União (TCU) reafirma que o
sistema dos militares não deve ser considerado previdenciário, uma posição que
invalida parte das justificativas do governo para as alterações.
Por fim, vale ressaltar que os benefícios dos inativos das Forças Armadas são
integralmente financiados pelo Tesouro Nacional, conforme a legislação vigente
desde 1980. As contribuições descontadas dos militares são destinadas
exclusivamente às pensões, e mesmo essas apresentam um déficit significativo:
em 2023, as contribuições somaram R$ 9,5 bilhões, enquanto o desembolso com
pensões foi estimado em R$ 27 bilhões.
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