Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, confirma negociações e destaca retomada da indústria hidrelétrica como marco para a transição energética brasileira


O governo federal estuda a possibilidade de construir uma nova usina hidrelétrica binacional em parceria com a Bolívia, aproveitando o potencial hídrico do Rio Madeira. A iniciativa, anunciada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na última sexta-feira (22), marca a retomada da agenda de grandes projetos hidrelétricos no Brasil e reforça o papel da fonte hidráulica na matriz energética nacional.

A declaração foi feita durante a apresentação dos resultados do último leilão de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), realizado para contratação de energia com capacidade de até 50 megawatts (MW). Segundo Silveira, o certame simboliza o retorno dos investimentos no setor e abre caminho para novos empreendimentos de maior porte.

“Hoje celebramos a retomada da indústria hidrelétrica no Brasil. Este é mais um Marco histórico do governo Lula. Acabamos de fazer o leilão das PCHs de hidrelétricas até 50 megawatts, sucesso que é um passo fundamental em direção a uma transição energética justa e inclusiva”, afirmou o ministro.

Hidrelétrica binacional: inspiração em Itaipu

Um dos principais destaques da fala do ministro foi a possibilidade de erguer uma nova hidrelétrica binacional, nos moldes de Itaipu, que desde 1984 abastece o Brasil e o Paraguai e é considerada um dos maiores símbolos de integração energética no continente.


Segundo Silveira, o diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está em curso e a intenção é aprofundar a cooperação técnica com a Bolívia para viabilizar o aproveitamento do Rio Madeira, um dos maiores afluentes da Bacia Amazônica e com grande potencial energético ainda não explorado.

“Para retomada das grandes hidrelétricas, ampliamos a cooperação técnica com a Bolívia para aproveitar o potencial do Rio Madeira. Falei com o presidente Lula sobre a importância de enfrentarmos esse debate e a ideia é garanto avançar. Quem sabe uma nova binacional está a caminho, repetindo o sucesso de Itaipu”, destacou Silveira.

Retomada da indústria hidrelétrica

O anúncio faz parte de um movimento mais amplo do governo para reforçar a segurança energética em meio ao aumento da participação das fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica. As PCHs, por exemplo, ajudam a equilibrar o sistema ao oferecer geração estável e próxima aos centros consumidores, reduzindo perdas na transmissão.

A ideia de novas grandes hidrelétricas — incluindo a possibilidade da binacional Brasil-Bolívia — surge em um contexto de necessidade de expansão da matriz elétrica com responsabilidade socioambiental. Especialistas lembram que os debates sobre novos empreendimentos desse porte devem considerar impactos em comunidades locais, biodiversidade e integração regional.

Ainda assim, o governo defende que a fonte hidráulica segue sendo um pilar fundamental para o processo de transição energética justa e inclusiva.

O papel estratégico do Rio Madeira

O Rio Madeira, localizado na região Norte do país, é um dos rios mais extensos e caudalosos da América do Sul. Já abriga grandes empreendimentos no lado brasileiro, como as usinas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia. No entanto, há estudos indicando que ainda existe potencial de expansão, sobretudo em áreas que podem ser exploradas de forma compartilhada com a Bolívia.

A eventual construção de uma nova hidrelétrica binacional no Madeira pode reforçar a integração energética sul-americana, atrair investimentos bilaterais e gerar ganhos para os dois países em termos de segurança elétrica, comércio de energia e fortalecimento das relações diplomáticas.

Perspectivas para o setor elétrico

Com a realização de novos leilões de PCHs, a avaliação de projetos binacionais e a diversificação da matriz elétrica, o governo Lula sinaliza que pretende ampliar a resiliência do sistema e, ao mesmo tempo, alinhar-se às metas de sustentabilidade.

O desafio será conciliar a urgência por novas fontes firmes de energia com a preservação ambiental e o respeito às populações locais, pontos centrais no debate público sobre grandes hidrelétricas.

Enquanto o diálogo avança, o setor elétrico acompanha com atenção as negociações, lembrando que Itaipu levou mais de uma década de estudos, negociações diplomáticas e obras antes de se consolidar como referência mundial.

Se confirmada, a usina Brasil-Bolívia poderá representar um novo marco de integração energética regional e consolidar a retomada da indústria hidrelétrica no país.