Audiência pública da Câmara escancara problemas nos serviços da Águas de Ariquemes, controlada pela AEGEA, que já atua em cinco municípios de Rondônia e figura entre as interessadas na concessão estadual do saneamento

PORTO VELHO (RO) – No último dia 2 de junho, o site Rondônia Dinâmica publicou a reportagem “AEGEA, empresa cotada para assumir saneamento em Rondônia, tem histórico de críticas e CPI em Manaus”. O texto destacou a experiência considerada problemática da empresa em diversas regiões do país e alertou para a possibilidade de a AEGEA assumir os serviços da CAERD no estado de Rondônia.
Quase três semanas antes da publicação, no dia 15 de maio, a Câmara Municipal de Ariquemes realizou uma audiência pública no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga justamente a atuação da Águas de Ariquemes — empresa controlada pelo grupo AEGEA — no município. A sessão escancarou uma série de denúncias da população contra a concessionária.
Reclamações vão desde água turva até multas arbitrárias
Entre os relatos, moradores mencionaram o fornecimento de água com turbidez, especialmente nos bairros Jardim Vitória, Apoio Social e Condomínio São Paulo, além de multas por rompimento de lacres supostamente autorizados verbalmente por fiscais da empresa. Em alguns casos, as cobranças chegaram a quase R$ 700.
Também foram denunciadas cobranças de contas em imóveis desocupados, mau atendimento, desrespeito com idosos e ausência de orientação técnica adequada no corte e religação do serviço.
Recapeamento de má qualidade e falta de fiscalização
Outro ponto crítico levantado foi a má qualidade do recapeamento asfáltico após intervenções da empresa. Segundo engenheiros do CREA e vereadores, as obras não seguem padrões técnicos, resultando em valas mal tapadas e vias com afundamentos. O problema levou a Câmara a aprovar uma lei municipal obrigando a empresa a realizar a recomposição do asfalto em até 72 horas, com a mesma qualidade e espessura da via original.
CPI tem apoio técnico e jurídico e deve apresentar relatório em junho
A CPI, instaurada em março de 2025 com apoio unânime dos 11 vereadores, tem como relatora a vereadora Rafaela do Batista. Segundo ela, os trabalhos se concentram em três eixos: qualidade da água, recapeamento e cumprimento do contrato. A comissão já analisou mais de 1.500 páginas de documentos, com apoio técnico do CREA e acompanhamento do Ministério Público.
A previsão é que o relatório final seja apresentado até 13 de junho. “Estamos tratando com responsabilidade. A CPI não pode punir, mas pode fundamentar medidas legais com base em fatos técnicos e jurídicos”, declarou Rafaela.
Empresa promete plano de ação, mas compareceu sem equipe técnica
Durante a audiência, o advogado da empresa afirmou que a AEGEA está comprometida em apresentar soluções. No entanto, sua declaração de que não estava preparado para responder tecnicamente aos questionamentos — focando apenas nos aspectos jurídicos — foi duramente criticada pelos vereadores e representantes da população.
AEGEA opera em cinco municípios de Rondônia e pode assumir todo o estado
A AEGEA já atua em cinco municípios rondonienses, incluindo Ariquemes, onde enfrenta sua terceira CPI. A empresa figura entre as cotadas para assumir o sistema de abastecimento e esgotamento sanitário de todo o estado, dentro do processo de concessão atualmente em análise pelo Governo de Rondônia.
0 Comentários