Vanessa, acompanhada de seus seis filhos pequenos, esteve em Brasília para participar de reuniões e entrevistas com parlamentares da oposição
Publicada em 12 de fevereiro de 2025

Brasília, DF – O ex-presidente Jair Bolsonaro tem mobilizado esforços para pressionar o Congresso a pautar o projeto de anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Nesta semana, ele usou a história de Vanessa Ferreira Lins, moradora de Ji-Paraná (RO), esposa de um dos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes, para tentar sensibilizar a opinião pública e fortalecer a defesa da anistia, que, se aprovada, também o beneficiaria diretamente.
Vanessa, acompanhada de seus seis filhos pequenos, esteve em Brasília para participar de reuniões e entrevistas com parlamentares da oposição. O objetivo da viagem foi pressionar lideranças no Congresso a avançarem com o projeto que tramita na Câmara e prevê o perdão aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, incluindo dispositivos que podem reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O marido de Vanessa, o caminhoneiro Ezequiel Ferreira Lins, foi condenado a 14 anos de prisão por crimes como tentativa de golpe de Estado, associação criminosa armada e dano qualificado. Ele foi preso após participar da invasão e depredação do Palácio do Planalto, mas atualmente está foragido. Após ser solto para responder ao processo em liberdade, decidiu fugir assim que a sentença foi decretada.
Apesar das provas contra Ezequiel, Bolsonaro minimizou a participação do condenado nos atos, afirmando que ele estava apenas "curioso". "Ele foi ver o que tinha acontecido lá, de curioso. Entrou em um prédio e ficou lá dentro. Não tem imagem dele quebrando nada e pegou 14 anos de cadeia", declarou o ex-presidente.
Apoiada por Bolsonaro, Vanessa fez um apelo durante coletiva de imprensa na Câmara dos Deputados, pedindo anistia para o marido e outros condenados. "Crianças também foram condenadas a viver longe dos pais. Eu fui condenada a não ter o meu marido comigo, a viver sozinha, a tomar decisões sozinha", disse, emocionada.
Além da coletiva, Vanessa se reuniu com parlamentares bolsonaristas, incluindo o líder da oposição, Zucco (PL-RS), e participou de um encontro privado com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Na ocasião, Motta afirmou que o projeto de anistia não será ignorado e será debatido entre os líderes partidários.
A pressão pela anistia também incluiu um pedido de apoio internacional. Vanessa e aliados bolsonaristas participaram de uma reunião com representantes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA), buscando respaldo para sua causa.
Bolsonaro, por sua vez, reafirmou que a anistia não se trata de um perdão político, mas sim de uma questão humanitária. "Não é uma anistia política, é uma anistia humanitária", defendeu o ex-presidente, enquanto mobiliza sua base para manter a pauta viva no Congresso.
A tramitação do projeto de anistia segue sob debate, enquanto Bolsonaro e seus aliados intensificam a estratégia de sensibilização pública e pressão política para reverter as condenações e viabilizar sua própria situação jurídica.
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